segunda-feira, maio 15, 2006

Notícias Anônimas
aconteceu mas não saiu no jornal


Veículo suja muro ao passar em poça d'água
Respingos atingiram também um hidrômetro, mas síndico do prédio não reclamou

A água de uma poça foi lançada contra o muro de um residencial ontem à noite, após um veículo tipo caçamba, placas AYZ-6589 de Massaranduba, ter passado pelo buraco, na rua Quinta da Forquilinha, em alta velocidade. O evento ocorreu após as fortes chuvas de ontem que alagaram diversos bairros. Cerca de um metro quadrado do muro ficou sujo com a lama, além dos respingos que atingiram o visor de um hidrômetro próximo. O síndico do prédio, em depoimento a esta editoria, não reclamou do ocorrido, pois uma pintura de aparência no muro e nas garagens já estava programada para a próxima semana pelo residencial.

Trilha de formigas é desfeita por roçadores
Ação atingirá também formigueiro próximo a casa dos Knüsty

Caminho de formigas utilizado há mais de dez anos foi destruído por roçadores em Amuzina. Trilha sobre terreno árido da cidade ligava o formigueiro até as dependências da casa da família Knüsty e movimentava diariamente cerca de sete mil formigas no carregamento contínuo de restos de comida, folhas secas e excedentes calcários. A ação dos roçadores objetiva a preparação do solo para o plantio, apesar da pouca fertilidade, e atingirá também o formigueiro, localizado a 350 metros de distância da casa. Ambientalistas temem que destruição possa interferir drasticamente na cadeia alimentar local, além de provocar grave desequilíbrio no ecossistema.
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segunda-feira, maio 01, 2006

Debilitada


Ela precisava de vitaminas. Pegou um bouquet de rosas e colocou no liquidificador. Juntou açúcar e bananas. Misturou tudo. Tomou. Saiu: satisfeita.

[jb]

Liquidação

Sou consumidor. Cliente, usuário, comprador. Odeio liquidações. Promoções. Brindes. Prazos. Leve dois, pague um. Tudo com cinqüenta por cento de desconto. Leve agora e só pague em dois mil e nove. Concorra a uma viagem para a Copa. O que você vai fazer com seu décimo-terceiro? Me desagrada a publicidade, os outdoors, placas, faixas, banners e vendedores. Me desagrada as alíquotas, os juros baixos, os financiamentos, os cheques pré-datados e as datas de vencimentos. Tudo isso é abjeto, enquanto eu só quero comprar. Quero gastar.

Não tenho cheques. Nem cartão. Não preciso economizar. Não preciso trabalhar. Eu só quero comprar e gastar. Gastar. Não quero descontos, nem brindes, nem parcelamentos. Pago à vista, com dinheiro vivo. Não há porque evitar. Eu tenho dinheiro, muito dinheiro. E quero gastar. Pagar juros, multas e correções. Ninguém entende isso. Não negocio. Pago.

Compro de tudo. Artesanato, flores, pneus, chinelos, livros, aviões, barbantes, brinquedos, prédios, frigideiras, linhas de pesca, cadarços. E de todos. Meninos de semáforo, ambulantes de calçada, feirantes de rua, atendentes de cinema, vendedores de colchões, funcionários da Levi´s, Pierre Cardin e Calvin Klein, representantes da Microsoft, distribuidores da Walmart, gerentes do HSBC, investidores da Nasdaq, traficantes da Rocinha, políticos de Brasília, diplomatas de Paris, protistutas da Tailândia e plagiadores americanos.

Compro e pago. Não devo nada. Se devo, cobre de mim, por favor. Quero pagar. Tenho dinheiro. Quero gastar. Não gosto de datas comerciais. Páscoa, Namorados, Natal, Dias das Mães. Eu compro o ano todo. Todos os dias são bons motivos para gastar. Não negocio. Não espero abaixar o preço. Pago. Liquido faturas. Coleciono notas fiscais, bolsas com estampa da lojas, etiquetas com grifes e instruções de lavagem. Não uso nem dou nada. Eu compro e pago. Não alugo nada. Nem filmes, carros, roupas, salas comerciais, apartamentos. Tenho dinheiro. Compro. E só.

O que você tem para vender? Eu compro. E pago. Não quero nada de graça. Tudo tem um preço. Eu pago todos os preços. Não faço doações. Eu quero sempre algo em troca. Eu compro. E pago. Não despediço meu dinheiro. Não negocio. Pago.

O que você tem para vender?
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