segunda-feira, abril 27, 2009

Escritos enrolados

desgraçado

Desfez o acordo
Desdisse o dito
E desculpou-se
Pela desfeita.
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cálcio

moço,
o osso
não tem
caroço.
::

Atendimento

Outrora
É uma hora outra
Que não agora
Quem entrou, ri
Quem não, chora
E quem ainda vive
Aguarde lá fora
Por ora era isso
O outro, por favor.
::

[jb]

quarta-feira, abril 15, 2009

Véspera da noite

Na varanda
Corre um vento morno
Tão leve
Tão azul
Não estranho

Quero-quero
João-de-barro
Gaivota
Tudo dormiria sonâmbulo
Sem as aves empenadas de poemas
Tudo respiraria azulejo
Sem as sombras voantes no varal

A estrada estreita só leva
Deixou de trazer
Levou os desenhos
Os carrinhos de madeira
O quebra-cabeças incompleto

Levou todos para trás da montanha
Se alguém viesse
Veria apenas a varanda
Sentiria o vento
Ouviria barulho de asas
Passaria

Se alguém viesse
Seria tudo
Tão estranho
Desazul

[jb]

sexta-feira, abril 10, 2009

Reparos

colocaram telhas na noite
manhã nasceu sem orvalho
tarde morreu com sede

as melhores chuvas caem de madrugada
quando estamos tão encharcados de vésperas
que até esquecemos de cobrir o espelho

[jb]
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