SAL
O rosto temperado
Os olhos de molho
A boca em brasa
condimentam o domingo insosso na tua carne crua
sirva-me
AÇÚCAR
Algodão-doce na mão da criança
Sorriso diabético nos lábios da mãe
Receita médica debaixo do pacote de bolacha
fermentam em banho-maria a satisfação rica em vitaminas
sirva-se
AZEITE
Alívio imediato das dores
A quem come dos manjares do Rei
A corda da forca foi lubrificada pelo Ungido
e o cadafalso está ensopado de culpa
deram-me um prato de papelão
FARINHA
O garfo mexe a água quente: faz pirão
A língua não sente mais nenhum sabor
O estômago devolve as comidas de sempre
ele sabe: a sobremesa tornou-se a refeição principal
não aprendi a orar antes de comer
[jb]
quarta-feira, janeiro 23, 2008
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2 comentários:
Fantástico...
Parabéns!
Acho fascinante a poesia dos odores e dos sabores...
Beijo
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