Vivo entre estátuas de lã
Carentes de edredons e quenturas
No coração cimentado
Busco migalhas pelos cantos
Onde pneus não lambem
Nem pisam sapatos encardidos
Caminho num vagar de trem chegando
Cuidadoso de olhares e passadas
Que dilatam minha calma insustentável
Percebo todos os movimentos
O esbarro, a correria, o pulo, o aceno
Mas só vejo bem coisas paradas
Desconfio sempre das crianças
Elas costumam parar
E, parando, me distraem dos cuidados
Detesto barulho e chuva
Vassouras e pás são meus infernos
Posso voar, devo agradecer
Não entendo essas pessoas amontoadas
Esculturas encharcadas de pressa
Redemoinhos de pó, buscam ventos
Ontem vi uma menina de asas
Hoje já estava de uniforme
Tenho pena
sexta-feira, agosto 07, 2009
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