domingo, agosto 06, 2006

O que aconteceu com o cão?

— Foi veneno!
— Tem marca de tiro na perna!
— Que tiro o que idiota! Isso é uma mordida!

— Três idiotas. Ele está dormindo.
— Ah, sim, dormindo. Descansou, vestiu o paletó de madeira, já era, bye bye, atravessou a ponte. E de veneno, foi de veneno.
— Deve ter entrado em casa de alguém, tentou pegar alguma coisa. Teve o azar de ser a casa do caçador. Um só tiro e olha o que temos aqui...
— Nada disso. Sem chance. Tem muitos deles no bairro. Andou com outros vagabundos e acabou se complicando. Comprou briga. Levou a pior.

— Ele respira. Está ofegando. Observem os pêlos do nariz a se moverem. Observem. Ele dorme.
— Os olhos estão vermelhos. As articulações, roxas. É o tipo de veneno para matar ratos de celeiro.
— Não há dúvidas. Pode até ser que morreu há poucas horas. Morto está. O sangue, qual a explicação?
— Ele era valente. Concordo até que tenha brigado. Dorme, descansando.
— Veja a baba amarela na grama. Efeito do veneno.
— A bala atingiu o fígado, certamente.
— Nada disso. A mordida do agressor comprimiu todos os órgãos internos.
— Nenhum do três idiotas nunca babou enquanto dormia?
— Rand Up.
— Calibre doze.
— Caninos.
— Zzz.

Os donos da casa chegavam. Os quatro ficariam observando do sótão. Tentariam ser eficazes na próxima noite.


[jb]

4 comentários:

Claudio Eugenio Luz disse...

Meu caro, conto maravilhoso. Gosto disso, quando o dito não está dito, mas está lá.

hábraços

douglas D. disse...

nuvens-sonhos.
e nós,
por onde andamos?

Concha Pelayo/ AICA (de la Asociación Internacional de Críticos de Arte) disse...

Saludos amigo.

Aerodrama disse...

Um tanto quanto intrigante!! Gostei muito!!!! Muito bem escrito por sinal!!!

Um grante abraço,
Aerodrama.

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