Entre tua pele meridional e meus olhos de acrílico
Há um brilho boreal de manhã fria e branca
Há uma luz que semeia sorrisos em campos de neve
Há uma névoa acorrentando duas respirações
Eu vim de longe
Carrego na sola mapas de descobrimentos
Na palma das mãos, anagramas de vontades
O pó, o asfalto e a lama testemunham a jornada
Uma palmeira alta, um gato pardo e uma menina azul
Ouviram minhas composições
Hoje, dia plagiado de ontem
(num deslize criativo do Criador)
Neste vale de montanhas infinitas
Encontro teu olhar de galáxia
Vejo teu cabelo de cores vespertinas
Orbito teus desenhos de noite aberta
Eu, seco e lento
Eu, tolo e espinho
Eu, caminho estreito
Eu, miopia e fraqueza
Eu, amarras e cercas
Eu, pedra, cisco e gelo
Me penumbro
Me vazio
Me mudo
Analfabeto
Entre tua pele e meus olhos
Entre tua boca e minha música
Oca sombra muralha o renascimento do mundo
Você ainda me atravessa
Levo na garganta as iluminuras da tua palavra
Por isso falo xadrez e escrevo branco
Me revelo em respingos no abrir da tua varanda
Mas sou muito desabrigo para morar na tua casa
terça-feira, outubro 27, 2009
terça-feira, outubro 20, 2009
Deus também tem quatro letras
O medo é quadrado: forma de sombra
Arranca ângulos de tempestades
Traz noite e ânsia
O medo é quarto: túmulo aceso
Respira o odor fóssil do antes
Gargareja mofo e angústia
O medo é quadro: adorno na alma-de-estar
Visita a infância de correrias e sol
A perna sem cálcio não pisa mais o chão
O medo é quarteto sombrio:
Morte, culpa, fraqueza, covardia
Toca instrumentos de sopro
Crava espinhos roucos na plateia
O medo é quatro: usurpador da trindade
Número de voo em abismo
Múltiplo de cadáveres na segunda
O medo é quadra: geometria de assassinos
Espreita nas esquinas os preocupados
Faz muros bloqueando fugas
Eis o medo:
Fogo frio
Água negra
Estátua de vento
Poeira dos cantos
Eis o medo:
Hipotenusa dos fracos
Eis nosso inimigo, meu amor
Arranca ângulos de tempestades
Traz noite e ânsia
O medo é quarto: túmulo aceso
Respira o odor fóssil do antes
Gargareja mofo e angústia
O medo é quadro: adorno na alma-de-estar
Visita a infância de correrias e sol
A perna sem cálcio não pisa mais o chão
O medo é quarteto sombrio:
Morte, culpa, fraqueza, covardia
Toca instrumentos de sopro
Crava espinhos roucos na plateia
O medo é quatro: usurpador da trindade
Número de voo em abismo
Múltiplo de cadáveres na segunda
O medo é quadra: geometria de assassinos
Espreita nas esquinas os preocupados
Faz muros bloqueando fugas
Eis o medo:
Fogo frio
Água negra
Estátua de vento
Poeira dos cantos
Eis o medo:
Hipotenusa dos fracos
Eis nosso inimigo, meu amor
terça-feira, outubro 06, 2009
Rã cor
O preso preto
amarga amarras marrons
por dois azares azuis
Ele, verme vermelho
amara amarelo
deixou ela de rosto roxo
A puta púrpura
bradou brancos femininos
Mulher de verdes verdades
abriu porta de lilás liberdade
gritando desgraçados degradês
Enquanto arranha paredes
em cinza cinzas
Na feira ela compra
laranjas (bem) alaranjadas
amarga amarras marrons
por dois azares azuis
Ele, verme vermelho
amara amarelo
deixou ela de rosto roxo
A puta púrpura
bradou brancos femininos
Mulher de verdes verdades
abriu porta de lilás liberdade
gritando desgraçados degradês
Enquanto arranha paredes
em cinza cinzas
Na feira ela compra
laranjas (bem) alaranjadas
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