terça-feira, outubro 27, 2009

Oca sombra

Entre tua pele meridional e meus olhos de acrílico
Há um brilho boreal de manhã fria e branca
Há uma luz que semeia sorrisos em campos de neve
Há uma névoa acorrentando duas respirações

Eu vim de longe
Carrego na sola mapas de descobrimentos
Na palma das mãos, anagramas de vontades
O pó, o asfalto e a lama testemunham a jornada
Uma palmeira alta, um gato pardo e uma menina azul
Ouviram minhas composições

Hoje, dia plagiado de ontem
(num deslize criativo do Criador)
Neste vale de montanhas infinitas
Encontro teu olhar de galáxia
Vejo teu cabelo de cores vespertinas
Orbito teus desenhos de noite aberta

Eu, seco e lento
Eu, tolo e espinho
Eu, caminho estreito
Eu, miopia e fraqueza
Eu, amarras e cercas
Eu, pedra, cisco e gelo
Me penumbro
Me vazio
Me mudo
Analfabeto

Entre tua pele e meus olhos
Entre tua boca e minha música
Oca sombra muralha o renascimento do mundo
Você ainda me atravessa
Levo na garganta as iluminuras da tua palavra
Por isso falo xadrez e escrevo branco
Me revelo em respingos no abrir da tua varanda
Mas sou muito desabrigo para morar na tua casa

4 comentários:

Anônimo disse...

Oi Jotabê, visitando teu blog e deixando meu abraço,
Denise

Alberto Ferreira disse...

Grande Jotabê.
Brincando com as palavras.
Um abraço.

Rubens da Cunha disse...

deixa de ser tímido: livro já! :)

ítalo puccini disse...

vou aderir à ideia do rubens!!

e os versos finais são ótimos!

grande abraço.

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