quinta-feira, dezembro 06, 2007

Trópico de vidro

Tenho linhas nas mãos: me embaraço
Perdi a serenidade quando me olharam com a lâmina dos olhos
Foi quando chorei pela primeira vez
Minha mãe limpava a sala costumeiramente

Eu era uma regra côncava: espelho protegido das tempestades
Animava os gatos e os cachorros (bois pastavam)
Fazia cerol com os avisos
Os castigos inaugurais da minha passagem ao Norte
Meu flagelo: minha súplica
Acreditava – ainda – no ar puro, varanda com cadeira
Ter poucos conhecidos seria o melhor refúgio caso pudéssemos colocar a mesa lá fora

Ninguém me obedece
Na minha transparência, sirvo as conversas dos outros
Falta-me água: falotantoquantoprecisoandar
As roupas no varal não eram minhas
Trazia nas mãos apenas um suor
Suor feito de asfixia – preso a mim como âncora
Se me molho, deixo de ser fio. Fico novelo

Tenho uma habilidade com os olhos: vejo
Percebo a trapaça, a sujeira, a curva, alguém varrendo o chão
Nunca vi a rua pela janela da sala
Ainda posso rezar
Aprendam: a pior solidão é quando temos de orar sozinhos
Deixe sempre limpos os pratos para o jantar

Uma voz oxidada ao Sul: alfinete no ouvido
Não volto
À pele estilhaçada falta a película das tuas partes mais quentes
Sigo.

[jb]

2 comentários:

isabel mendes ferreira disse...

verdadeiras linhas estilhaçadas de













alma!!!!~







beijo. beijos*****

Cláudio B. Carlos disse...

Estou lendo muitas coisas boas aqui.


FELIZ 2008!
Abraços,

*CC*

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