sábado, abril 19, 2008

Imago

- para Luciane

Em asas coloridas, o mosaico dos sentidos
O peso do mundo no balé de duas lâminas suaves:
dobradiças de leveza
movimentam o ar
tiram o fôlego
atraem a inquietude de olhares alheios
- contraste ao concreto humano

Ela sofreu mudanças:
Caminhavagoravoa
Por um vento hábil
(daqueles que esculpem rochedos)
eternizou-se na pele da mulher:
desenho em pedra na pele clara
Agora leva no pescoço o relevo da serena idade
- peso camuflado pela cortina dos cabelos: cachoeira

A imagem é uma varanda:
vê-se o horizonte em qualquer dia
(visão comparável ao olhar-espelho da criança)
A pintura no tecido feminino sugere um lençol colorido sobre a cama
À superfície, um selo
Carne adentro, a tinta faz um portal
poliniza o sangue
faz da alma um caleidoscópio perfeito

Difícil imaginar o vale por trás da transparência
Fácil se perder em traços riscados de dor e cor
A agulha que feriu a seda, já feriu mármores
A pena que escreve imagos, já rabiscou dragões
Só o olho
(antes apenas véu)
agora vôo

(só o tempo realça a própria sutileza)

[jb]

5 comentários:

Fran Hellmann disse...

Que bom que voltastes. Fizestes falta.

Beijo.

Ps. Tuas palavra tem algum combinado com meus sentimentos? Parece que eles se conhecem bem.

Zé Eduardo Calcinoni disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Zé Eduardo Calcinoni disse...

Poetaço, a espera engenha espectativas.

Alcançadas!

Não se esconda do mundo. Teu mundo. Sua caixa.

Zé Calcinoni

isabel mendes ferreira disse...

enorme o meu prazer de re-ler.




abraço.

Fran Hellmann disse...

Venho aqui sempre... na esperança de te encontrar novamente. Apareças mais, garotinho.

Saudades de você.
Beijo

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