
O homem da casa tem uma caixa feita em paredes de azul sangue.
Num trapézio retângulo, porque esta é a forma da caixa quanto vazia de suas vértebras, de cor preta quase querendo ser colorido, a vida arqueja em esquinas de muitos ângulos. Daí o retângulo convencional, porque esta é a forma da caixa quando vertebralmente cheia. E daí muitos outros polígonos: triângulos, quadriláteros, cones, pirâmides, estalactites e demais geometrias acesas de arestas ósseas circunferenciando em coices o medo, a palavra, o menino, a árvore, a carne masculina, o feminino adentro, o corponudez do imaginar e do(r) sentir. Digo em coices, sim, porém amorosos.
Nós – os não adestrados – ainda não aprendemos o carinho do fogo, nem o afago do gelo. Adoramos a chuva caindo oblíqua; mas amamos ficar na varanda: somos domésticos: vasos. Ao buscar a tangente, o outro tropeça-me.
Grito o grito do Cristo – Pai lavra-nos (o Filho mais eu).
O homem da casa tem uma caixa. Um cubo-imagens. Um porta-poemas. Porta-sonhos. Porta-portas, janelas e outras fugas. Eu entrei e fugi. Fugi e não me desesperei: ri o riso bíblico de Abraão: Isaque pôde brincar sua infância com letras e desenhos.
[jb]
Saiba mais sobre a caixa.
2 comentários:
valeu João,
fiquei em silêncio aqui. tua palavra sempre teve minha admiração, agora a vejo falando de mim, o sentimento é de orgulho e responsabilidade :)
abraços
Olá JB!
Tenho vindo aqui, mas evito escrever bobagens para não "sujar" o teu espaço com bytes mal digitados.
Tuas pérolas estão cada vez mais polidas e brilhantes!
Quero ver daqui há 50 anos! Serás o cadeirante número 1 da Academia Brasileira de Escritores, Poetas e Outros Agregados!
Sobre os blogs, a idéia era separar os meus textos (lixo) das photographias (recicláveis), mas acabei misturando tudo e agora ficou difícil separar o joio do trigo, e penso em manter tudo num só!
É mais fácil fazer a faxina!
Grato pela visita.
Abraço.
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