quarta-feira, maio 06, 2009

Bobo


Te tendo, tudo é resto
Nada é mais
E viveria sem reclamar
Só dos teus restos meridionais


Dos teus restos de cheiro
Dos teus restos de vinho
Dos teus restos de muitos
Dos teus restos sozinhos


Dos teus restos de ciúmes
Dos teus restos de dinheiro
Dos teus restos de pedaços
Dos teus restos inteiros


Dos teus restos de cama
Dos teus restos de jardim
Dos teus restos de paz
Dos teus restos ruins


Dos teus restos de riso
Dos teus restos de fado
Dos teus restos de sol
Dos teus restos molhados


Te tendo, tudo é resto
E mais nada
E viveria sem reclamar
Só dos teus restos de madrugada


Te tendo, tudo é resto
Nada mais é
E viveria sem reclamar
Só dos teus restos de mulher


Te tendo, tudo é resto
E teu resto é prato fundo

Não me deixe comer
Só dos restos do mundo

[jb]

4 comentários:

Aloumesse disse...

Passei por aqui,pra conhecer e adorei seu blog,parabéns...

Zé Eduardo Calcinoni disse...

Saudações ilustre poetaço (resto de poeta + resto de cabaço).

O que ser, senão uma mistura de restos? Mas quem admite?


"O resto saiba. Não gostas de restos..." (Só podia ser Leminski. Pode isso?)

Zé Eduardo Calcinoni

Fran Hellmann disse...

Parece música!

Saudades daqui.

Beijos

Srta. Coisa disse...

tão bonito....
eu gosto de saber que a crença do amor não avabou de todo... às vezes me dá um medo deste fim.
um beijo

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