quarta-feira, dezembro 09, 2009

Entenda o mundo

DA TEMPERATURA DA ÁGUA LÍQUIDA

O aquecido debate sobre a questão do aquecimento global e, por conseguinte, da continuidade das condições naturais de convivência e sobrevivência no homem na Terra, está travestido pela cortina da discussão pública e política em âmbito planetário. No degelo de simpósios, conferências, congressos, fóruns e encontros afins, o que se mostra à superfície é um interesse menos politicamente correto, e mais esquivo e corrosivo. Sob a lâmina da contextualização e da análise sistemática, a discussão é, sem dúvida, econômica. Um jogo entre esferas financeiras, mercados consumidores, ativos de precificação, nações emergentes e sistemas nacionais de alcance mundial. Marginalizando os interesses obtusos, especialistas também criticam a esteticalização e a fetichização do debate, cenário que tornou qualquer audiência sobre o tema um imbróglio de informações desencontradas e precárias, mas vendida pela mídia como oportunidade única de encaminhamento de soluções. Na esteira dos sucessivos debates, protocolos, requerimentos, documentos, pedidos, propostas, cartas abertas, moções e outros papéis da burocracia discursiva não traduzem políticas práticas de ações efetivas. Há uma dicotomização do problema, entre países abastados e nações miseráveis. As falas são, portanto, conflitantes. Não há o diálogo puro e lúcido. E nem todos os atores sociais estão envolvidos. O argumento longe da perniciosa intenção econômica poderia deixar sem mácula os indicativos de observância e aplicabilidade das propostas apresentadas. Falta uma vontade supranacional para encontrar o caminho a trilhar. Intermitentemente, cada pisada é dada em solo estranho e qualquer avanço definitivo é desacreditado pelo ecossistema humano. Por enquanto, o certo é que árvores continuam sendo derrubadas para virarem protocolos autografados por lideranças de pensamento curto e raso. O urso polar, por sua vez, já não se confunde mais com o branco da neve. Não há branco, nem gelo. Daqui a pouco, nem urso. Sobra papel.

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