Esperava com olhar circunflexo
Na fala, a voz aguda perguntava as horas
Tinha um cheiro tônico (dos que vivem perto das florestas)
E seu ouvido oxítono captava até meu sussurro
Minhas palavras foram sem ênfase
As dela bastante acentuadas
Despedi-me com um hiato
Ela, com um toque diferencial:
a mão direita reticente sobre o meu ombro analfabeto
Fiquei com o rosto craseado
enquanto meu olhar hifenizava o gesto de separação
Entrei no coletivo
Ela, singular, permaneceu no ponto
Tomei assento
Ri o riso minúsculo das vogais fechadas
Senti-me quase-verbo
Ela tinha a pele ortográfica
As pernas intransitivas
Os cabelos conjugados com os olhos
Eu, sujeito de entrelinhas
Ela, pronome reto
parágrafo único
minha oração nos domingos sem palavras
[jb]
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2 comentários:
[jb]
Não sou blogueiro inveterado, mas acabo de receber o Prêmio Dardos, com a condição de selecionar outros colegas da blogosfera que, na minha opinião, também o mereçam.
Embora tenha cara de corrente, considerei a brincadeira como uma forma de divulgar iniciativas que para mim têm sido ricas.
Ter encontrado o seu "Caixa de Ressonância" foi uma experiência significativa nas minhas derivas pelo mundo digital. Por isso, ofereço-lhe o selo Dardos, que, é claro, você aceitará se lhe convier.
Abraço
BG
oi, "ela tinha pele ortográfica' é daqueles versos que dao inveja, e nao é daquelas invejas boas nao :))
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