terça-feira, dezembro 30, 2008

Penúltima

fez gargarejo com fogo
deixou a pasta de dente aberta
a torneira gotejando
os dentes polidos na boca de vulcão

decorou os cílios
as mãos com creme faiscaram o pescoço
havia digitais no espelho
os cabelos alisados respingaram lava no azulejo

luzes apagadas
porta apenas encostada
quarto com os lençóis de ontem
a lareira com brasas envergonhadas

o sapato prata riscou o asfalto feito fósforo
ela, toda luz, alastrava o incêndio pelas ruas
faróis, velas, lâmpadas, luzinhas de Natal:
tudo se apagou em respeito à iluminura de vestido púrpura

era de ferver os olhos
antes, mata virgem
hoje, queimada para plantação
depois, mulher destilada

raiou a noite inteira até veludar a manhã

[jb]

2 comentários:

Cláudio B. Carlos disse...

Muito bom!

Desejo o mesmo para a Caixa, hehehe.


Grande abraço,

*CC*

isabel mendes ferreira disse...

A.veludado o texto.




e com a qualidade de sempre.



sobre o asfalto deste tempo.





.


abraço.



.e a minha admiração.

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